UM POUCO SOBRE A MINHA HISTÓRIA
Quando o Rio Ensina a Esperar

A paciência, o improviso e a força necessária para atravessar em direção ao recomeço.
Há um instante em que a vida nos chama para deixar o conhecido.
Aquilo que nos oferece segurança, rotina, até mesmo um certo conforto. Um instante em que o coração decide: é hora de partir em busca do novo.
Você reúne suas coisas, guarda lembranças, solta o que já não serve mais e segue o caminho.
Mas, ao chegar ao rio que separa o hoje do amanhã, a surpresa: as pedras não estão visíveis.
O rio transborda. O caminho parece fechado.
E, de repente, tudo o que resta é esperar.
Na espera, nasce a paciência.
Na ansiedade, a lição do tempo.
Então você improvisa um acampamento à beira do rio. Sem conforto, sem rotina, sem certezas.
E, pouco a pouco, o que parecia impossível se transforma em hábito.
Você aprende a sobreviver na instabilidade, aprende até a sorrir dentro do improviso.
Aquele lugar inóspito se torna familiar.
Até que um dia, o sol rompe as nuvens.
As águas baixam.
E as pedras surgem, novamente.
O convite à travessia está diante de você.
Mas, ao encarar o caminho, surge a hesitação.
Há uma estranha saudade daquele tempo de espera, daquela rotina improvisada que, sem perceber, você aprendeu a chamar de sua.
O coração vacila entre o conhecido e o desconhecido, entre o provisório e o sonhado.
E é nesse ponto que a vida nos ensina sua maior lição:
recomeçar também exige deixar para trás até aquilo que nos sustentou temporariamente.
O improviso, o desconforto, o abrigo frágil — tudo cumpriu seu papel.
Agora, é preciso atravessar.
As pedras no rio não são apenas degraus de passagem.
São símbolos da coragem de partir, da paciência de esperar e da força de não desistir.
E cada passo sobre elas nos aproxima não só da outra margem, mas também de quem realmente somos.
A travessia não é só o caminho até o sonho.
Ela é o próprio sonho se revelando.
